terça-feira, 22 de março de 2011

Conselho Deliberativo aprova modelo de reforma com parceria


Conselho Deliberativo aprova modelo de reforma com parceria

Por Adriana Montes (texto)
Alexandre Lops (fotos)


Cerca de 270 conselheiros decidiram o modelo de parceria para a modernização do Beira-Rio

Com o resultado, o Internacional dará um prazo final de mais 15 dias para que outras construtoras possam manifestar interesse em participar do processo de concorrência para a reforma. Uma carta convite será divulgada na imprensa nesta terça-feira formalizando o prolongamento da data para quem queira se candidatar. Desde julho do ano passado o Clube conversou com cinco empreiteiras e 11 instituições financeiras buscando alternativas para a realização das obras. A gestão, assessorada pela Comissão de Obras criada logo após a votação no Conselho, vai avaliar todas as alternativas. Os próximos trabalhos começam já nesta terça-feira. “Amanhã, às 18h30min, já temos uma reunião com a Comissão de Obras e vamos levar adiante esse assunto para que o Clube possa ter as condições de sediar uma Copa do Mundo e ter um estádio modernizado até o final do ano que vem”, ressalta o presidente do Internacional, Giovanni Luigi.

Menos riscos

No modelo aprovado pelo Conselho, a principal exigência é que as variações orçamentárias e da obra não fiquem com o Clube, bem como a demanda de novas especificações do caderno de encargos da Fifa. Assim, caso surjam alterações de preços ou inclusão de novas exigências pela Fifa, por exemplo, o Internacional não terá que refazer seus cálculos e pensar em uma nova forma de angariar receita para cobrir tais despesas. Essa tarefa caberá à construtora.


Presidente da Comissão de Obras, Luís Anápio Gomes de Oliveira (C) assina a ata de presença na histórica reunião

“Uma obra dessas, em que o comitê local da Fifa, a cada 15, 20 dias exige um novo caderno de encargos em relação às obras, traz a preocupação de que sempre podem surgir mais demandas para cumprir o caderno de exigências da Fifa. Por isso percebemos que o melhor seria adotar um modelo de parceria estratégica, sem variações orçamentárias para o Clube, sem tomada de empréstimos ou endividamento e concessão de direitos sobre novas receitas por prazo determinado. Isso quer dizer que o que é do Clube continuará sendo do Clube”, explica o vice-presidente de serviços especializados, Luciano Davi.

O primeiro vice-presidente do Clube, Luís Anápio Gomes, ressalta que a gestão analisou o projeto de autofinanciamento que vinha sendo executado até então, porém chegou à conclusão de que ele seria inviável para o Internacional neste momento, pois poderia prejudicar as receitas, principalmente as destinadas ao futebol. “Nós conversamos com 11 instituições financeiras e todas elas negaram empréstimos para o Clube. Nós nem sabemos se essa seria a melhor alternativa, pois geraria um endividamento, mas se obtivéssemos, teríamos a incerteza de um orçamento. Nós partimos de um orçamento que rapidamente aumentou significativamente, e isso também geraria uma insegurança que fatalmente refletiria na gestão do Clube, que tem que ser voltada para a nossa expertise, a razão de ser do Internacional, que é o futebol.”

Segundo Gomes, o antigo modelo colocaria em risco ainda a manutenção da Copa no estádio colorado, o que tiraria do Clube todos os benefícios vindos da União para a melhoria do entorno do Beira-Rio, que dariam mais comodidade aos torcedores, e a valorização dos ativos que viriam com a competição. A construtora escolhida terá que dar as garantias para a Fifa de que haverá o cumprimento de todas as exigências e prazos e de que a Copa do Mundo de 2014 vai ser no Beira-Rio. “Entre as alternativas hoje disponíveis, a que pareceu mais viável é essa de parceria estratégica, em que o Clube tem um estádio novo, a preço fechado, com o qual se sabe desde o início quanto vai pagar, não correndo o risco de esse orçamento ser maior depois que novas especificações cheguem, e que ele esteja dentro do padrão Fifa e que o Clube não se endivide”, completa o executivo-chefe do Internacional, Aod Cunha.

“Esse é o modelo adotado em vários outros empreendimentos, como o do Arsenal. Nós criaremos outras receitas e valorizaremos as atuais. O Clube tem que dominar quatro questões: a gestão do time, a gestão dos talentos, a gestão da marca e a gestão do quadro social. Essas são as oportunidades mais significativas do Clube e que nós mais sabemos fazer. Então por que o Clube vai focar em algo que não é seu forte, cujos recursos são limitados e que tem mais riscos?”, questiona o assessor da presidência Maximiliano Carlomagno. “Nesse modelo o clube investe R$ 1,00 e multiplica por dez. Da outra maneira [autofinanciamento] investe R$ 1,00 e pode multiplicar por quatro, então por que vamos fazer isso?”, ressalta o assessor da presidência. Com a parceria estratégica, o Clube poderá concentrar seu foco naquilo que é sua especialidade, o futebol, deixando para quem entende do assunto tratar das questões referentes à reforma do Beira-Rio.

Comissão de obras

Desde o início da atual gestão foi tomada uma série de medidas para tornar o processo de modernização do Beira-Rio cada vez mais transparente. Foi por essa razão que o presidente Giovanni Luigi decidiu levar ao Conselho Deliberativo, ao Conselho Fiscal e ao Conselho Consultivo o estudo realizado para buscar a alternativa mais vantajosa ao Internacional para a finalização dos trabalhos de reformulação do Estádio. Com esse objetivo o Clube resolveu implantar uma Comissão de Obras conforme estabelecia um regimento interno de 2003. “Quando entramos aqui descobrimos que há um regimento interno do Clube, idealizado em junho de 2003, que criava uma Comissão de Obras com 13 integrantes, tendo um presidente e um secretário, que fariam o acompanhamento e a fiscalização de toda e qualquer obra que o Clube executasse tanto para o Beira-Rio quanto para o Gigantinho. Daí surgiu a ideia de pautar a constituição dessa comissão hoje”, frisou o vice-presidente de serviços especializados Luciano Davi.

A comissão terá como integrantes Cássio de Jesus Trogildo, Diana Raquel de Oliviera, Frederico Gerdau Johanpetter, Geraldo Costa da Camino, Humberto Cesar Busnello, João Patrício Centeno Hermann, José Aquino Flores de Camargo, José Carlos Granja de Andrade, Keller Dornelles Clós, Luís Anápio Gomes de Oliveira (presidente da Comissão de Obras), Maximiliano Selistre Carlomagno (secretário), Pedro Paulo Salvadori Zachia, Ronaldo Marcelio Bolognesi.

Davi ressalta que essa comissão será técnica e apolítica, e terá como responsabilidade a avaliação permanente de todo o andamento da obra. Serão fiscalizados todos os processos de contrato com a parceira definida e a escolha de uma consultoria para assessorar o Clube com relação ao conceito do negócio. A vistoria será feita com base em uma agenda que terá todos os passos da reforma, com um cronograma de datas em que cada etapa deverá ser cumprida. Todo o andamento das obras será repassado em prestações de contas periódicas para o Conselho e os sócios colorados.

Mais receitas para o Clube

A Copa pode gerar milhões de reais ao Clube. Haverá ganho de mídia, fortalecimento da marca, valorização junto aos patrocinadores, aumento de gasto no estádio, valorização e viabilização do entorno e aumento de público. “Todos os estádios que sediaram jogos de Copa do Mundo na Alemanha tiveram um salto médio de 64% de público presente”, diz o assessor da presidência. Além disso, completa, haverá 20%, em média, de incremento no ticket gasto no estádio, além de mais receitas com bilheteria, cadeiras locadas, arquibancadas e sócios.

“A Copa é a oportunidade para nós fazermos o estádio e nos beneficiarmos ainda mais”, frisa Carlomagno. As receitas atuais vão ser potencializadas e as novas, como as do entorno do estádio, vão entrar na receita do Clube.